domingo, 27 de fevereiro de 2011

Porque o estágio para quem não exerce o magistério: o aprender a profissão


 A certificação em reflexo das reformas educacionais e da legislação de ensino tem sido atualmente a maior preocupação de pessoas que já exerceram o magistério. Em conseqüência, cada vez mais profissionais da educação são inseridos nas salas das universidades. A experiência com magistério, nessa busca por uma melhor e necessária qualificação, traz inúmeras inquietações, em especial, sobre o estágio. 

Diante disso, as autoras enfatizam o estágio para alunos que não tiveram a experiência com o magistério, considerando esse período como indispensável e bastante rico na vida desses que queiram ingressar e ter uma melhor formação à profissão escolhida. É um momento de aprender a profissão docente, onde o formador/supervisor se coloca como mediador entre o aluno, a teoria, a prática e a realidade. Contudo, penso que essa prática será melhor validada, se oferecer condições adequadas para esta apropriação de conhecimentos e trocas de experiências. 

A falta de uma infra-estrutura adequada, as salas super lotadas, e a insuficiente valorização do profissional, são fatores dentre outros, que podem desmotivar a este processo da construção da identidade pedagógica. Costumamos dessa forma, nos deparar com situações diversas que nos fazem questionar sobre a validade das concepções teóricas tão presentes no campo acadêmico. Aos poucos podemos notar então que estas nos serão sempre úteis, contudo, não suficientes para dar conta sob os percalços ou complexidade da educação.

A formação é uma fase de apropriação do conhecimento que nos permite aplicar um pouco ou ousar sobre o conhecimento adquirido em sala, contudo, é possível analisar que além da teoria e experiência, se faz relevante ainda, a mediação oferecida pelo formador/supervisor, que irá melhor orientar ou auxiliar nesta caminhada.
Outro ponto frisado pelas autoras é acerca da insegurança comum entre os estagiários ao assumirem uma sala de aula, sentem-se despreparados para a boa ou “ideal” atuação, assim é relevante a compreensão sobre a dinâmica da escola, (re)conhecendo a realidade sócio-cultural dos sujeitos envolvidos e analisando o seu real papel como estagiário que se faz na ação-reflexão-ação.

Portanto, é importante compreender o estágio como um momento facilitador da articulação teoria-prática e tão necessário a este processo de formação, vez que nos deparamos ou nos são oportunizadas o contato real da prática escolar.

Esta inserção na realidade deverá proporcionar um olhar mais atento, reflexivo e não meramente crítico, mas sim centrado sob esta dinâmica que se instaura no processo de ensino e de aprendizagem da realidade escolar.

As autoras deixam evidente a importância de conhecer primeiramente o espaço cultural que a escola e sujeitos estão envolvidos, para então oferecer um acompanhamento mais propício e significante a sua formação. Todavia é preciso “compreender a realidade para ultrapassá-la” (p.111).

Certamente, não iremos ao estágio com uma “bagagem” suficiente para enfrentar os percalços da sala de aula, bem como aplicar perfeitamente os conteúdos teórico-metodológicos, pois a formação nunca dará conta de uma realidade que se move.

PIMENTA, Selma Garrido e LIMA, Maria Socorro Lecuna. Estágio e Docência. São Paulo: Editora Cortez, 2004.

segunda-feira, 21 de fevereiro de 2011

Passo a passo da minha formação


Nascida nesta cidade de Jequié-BA sou filha caçula, garota tímida, bastante carinhosa, observadora e de poucos verdadeiros amigos. Gosto de animais e de estar sempre em contato com as pessoas acolhedoras, gosto bastante de conversar com pessoas mais velhas, por transmitirem além da calma a experiência de vida.

Em respeito as minhas primeiras atividades escolares, estas se iniciaram em uma instituição de ensino da rede privada, ao qual fui matriculada juntamente com minhas duas irmãs. A todo receio de estar ao primeiro contato com pessoas desconhecidas, ofereceu uma sensação de medo, acredito que como toda criança ao ir à primeira vez a escola. Penso que por ser a caçula da família, fui um pouco “estragada” pelos mimos do pai, e assim refletiu um pouco para minha insegurança e assim a forma de estar em sociedade. A esta fase escolar se iniciava com cobranças não só pessoal como também pelo quadro escolar, aqui cito a importância e contribuição de alguns poucos professores que se fizerem presentes para o meu processo de alfabetização e assim formação e outros não deixarão de serem lembrados pelo lado cruel a que se fizeram tão presentes.

Pela minha caminhada ao curso de pedagogia na UESB, compreendi quantas falhas foram cometidas e ainda são tão presentes nas redes de ensino. Aqui destaco a importância do educador e o seu papel como facilitador no processo de ensino aprendizagem. Sob olhar de diversos teóricos apresentado em minha vida acadêmica, destaco a este momento o ilustre Paulo Freire, a que vem oferecendo reflexões sobre a importância de uma ação transformadora, cabendo ao professor oferecer ferramentas necessárias para que o aprendizado significante de fato ocorra. O respeito ao individual do aluno, a questão cultural ou também psicológica, vem a ser um fator assim relevante.

Aos poucos pontos que me recordo na instituição onde fui alfabetizada, lembro das famosas cartilhas em que penso terem sim trazido contribuições para a minha formação, lembro também do modelo tradicional de avaliação, onde em semana de prova, as fileiras eram arrumadas e sob ordem escolhida pelo docente, iniciávamos as atividades. Havia também outras formas de avaliar, a exemplo dos trabalhos, dicionários a elaborar com figuras, mapas para decalque, e não deixarei de citar a oratória, momento este de bastante tensão. Estas de fato havia um pouco de dificuldade para acompanhar.

Ao mudar da escola privada para a pública, senti uma grande diferença em especial pela falta de comprometimento de alguns professores faltosos. A despreocupação em oferecer conteúdos, e o diferenciado ritmo da instituição, a que causou uma certa estranheza. As cobranças agora pareciam insuficientes ao que estava acostumada, mas o modelo tradicional de avaliação em alguns aspectos ainda se fazia e se faze presentes.

Por este período de formação na faculdade pude então aos poucos compreender não só a mim mesma, como também vem possibilitando refletir sobre os desafios e as ilicitudes (erros), cometidas e encontradas nas práticas de educação atuais, sendo estas capazes de incentivar ou desmotivar ao individuo para a sua ascensão em sociedade. Compreendi então dentre várias teorias estudadas e pela prática de estágio nas séries iniciais, a relevância da motivação proporcionada pelo docente aos seus alunos. 

O professor, ao oferecer uma proposta de educação dinâmica, prazerosa e considerável a realidade social de seus alunos, a aprendizagem eficaz se torna apenas uma possível conseqüência.

Nesta fase acadêmica, cada momento vivenciado foi realmente único, e ficará marcado, pois nos trouxe além de uma rica experiência, o sentir da gratidão expressado pelos olhos atentos, beijos e abraços apertados a que lembro no estagio da educação infantil. Penso então, que valeu a pena, e sempre valerá enquanto acreditarmos que apesar das deficiências enfrentadas pelo Sistema Educacional, poderá ser gratificante o resultado, quando a ação docente propor a diferença, atuando com respeito e compromisso com a profissão escolhida.

Vale ressaltar ainda que para a realização das minhas atividades acadêmicas, foi de suma importância a colaboração e incentivo das minhas colegas Geisa e Érica, por compreenderem algumas dificuldades a por apostarem quando nem a mim mesma encontrava confiança. A esta elevo a importância, como citada acima da motivação e a boa interação entre os sujeitos envolvidos no processo da educação.

Para tanto, considero assim o estágio, um momento rico e imprescindível de aprendizado onde através dele podemos ter a oportunidade de assimilar a teoria e a prática, conhecendo a realidade do dia-a-dia da profissão almejada, pois sabemos que o aprendizado se torna muito mais eficaz quando adquirido em meio à experiência.